Deixem-me ser frágil... permitam-me errar de vez em quando pra aprender de outras formas... concedam-me o direito de meter os pés pelas mãos, de fazer burradas e precisar que alguém me ajude a consertá-las...
Deixem-me ser molenga ... permitam-me recuar, desistir vez por outra sem precisar sentir culpa... concedam-me o direito de fracassar e ainda assim ser aplaudida simplesmente por ter tentado...
Deixem-me ser desagradável e má... permitam-me experimentar o sabor de dizer um sonoro “NÃO” a alguém quando me der vontade... concedam-me o direito de hostilizar pessoas que se aproximam de mim só pra tirar algum proveito...
Deixem-me ser covarde... permitam-me experimentar uma fuga aqui, outra ali, enquanto o tempo passa e as coisas se acomodam sem que eu precise lutar por isso... concedam-me o direito de sentir medo, de chorar e me dêem colo aos invés de críticas... “Quem sabe eu ainda sou uma garotinha!”
Sinto decepcionar, mas não consigo mais fazer o papel da “boa moça”... eu preciso exercitar o meu lado vilã... Quero experimentar o gostinho de mexer o caldeirão, de preparar uma poção mágica e envenenar a maçã ao invés de comê-la e depois “deitar e fingir de morta” até que o príncipe encantado apareça... Preciso, ao menos uma vez, ser a madrasta malvada ou a irmã feiosa que se dá bem durante a estória toda, em vez de ficar esperando pelo último parágrafo pra calçar o sapatinho de cristal e passar de gata borralheira a princesa, num passe de mágica...
Já percebeu que normalmente o mocinho sofre, apanha e perde o tempo todo pra ser herói nos instantes finais, enquanto o bandido se dá bem durante o filme inteiro?! Pior... às vezes (eu arriscaria até dizer que na maioria delas), você ainda torce pelo bandido, porque ele é bem mais esperto e consegue sempre driblar o babaca do mocinho, que só o vence no último momento, um pouquinho antes de exibirem os créditos (aquelas letrinhas que aparecem quando termina o filme) e geralmente vence por um golpe de sorte ou num daqueles terríveis “duelos” onde ele (mocinho) é à prova de balas... granadas... canhões... bazucas... explosões e toda sorte de instrumentos letais...
Ah! Definitivamente, eu agora quero ser o bandido... a bruxa má... a vilã... a madrasta impiedosa...
Cansei de me privar do direito de cometer erros e me sentir culpada por não conseguir fazer tudo dar certo o tempo todo... Deixem-me ser humana... permitam-me cometer erros como qualquer ser humano... concedam-me o direito de fazer coisas que seres humanos fazem... Erradas? Pra quem? Família? Amigos? Sociedade? Quem se importa? A coisa mais memorável que eu fiz nos últimos meses foi cometer a burrada mais homérica da minha vida... eu nunca, até então, havia sido tão absolutamente irresponsável e inconseqüente... eu nunca antes tive o prazer, o orgulho e a felicidade de ser tão absolutamente irresponsável! Nunca pensei que ser COMPLETAMENTE IRRESPONSÁVEL pudesse me fazer tão FELIZ!
Nenhum comentário:
Postar um comentário