"A vida é uma farsa que todos devem representar. A nossa pálida razão esconde-nos o infinito..." (Rimbaud)
"Vida é o drama criativo da existência." (Arthur da Távola)
“A vida, afinal, talvez seja uma encenação do desespero”. (Alberto Raposo Pidwell Tavares)




segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Soap opera



Tão esquisito quando a gente acorda todos os dias e olha pra própria vida como a mera espectadora de uma telenovela cheia de personagens familiares, cenas corriqueiras e ambientes comuns, com capítulos quase repetitivos de tão previsíveis - mesmo quando conseguem despertar alguma emoção -, nos quais não pode interferir nem interromper e, apesar da mesmice, assiste a cada um deles na expectativa pelo "gran finale"...
Não importa se o enredo é bom ou ruim; é o desfecho entediante das cenas e a impotência de transformar sozinha um velho pastelão em um bom romance que deixam tão monótona a vida da gente... Por melhor que seja o protagonista sempre precisará de coadjuvantes e de uma boa direção para que o seu papel seja desempenhado com sucesso!
Será que não podemos pular a parte do "conflito" e ir direto para o "final feliz"?!

Estou cansada do roteiro adaptado, da reprise, de terminar o dia sempre esperando pelas cenas do próximo capítulo...
Estou cansada de me reinventar a todo instante nessa velha pantomima barata de cada dia...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Inverno na alma


Quando será que esse inverno que há tanto tempo congela a minha alma vai passar?!
É um frio de dentro pra fora... um frio que aprisiona os sentidos... um frio cortante, que petrifica e conserva sentimentos mortos-vivos...
Acendo meu coração com lareiras ilusórias, mas as chamas não conseguem derreter as paredes de gelo ao redor.
Procuro abrir as janelas do peito pra deixar entrar o sol escandecente que faz lá fora, mas um tufão gelado as fecha bruscamente antes que o primeiro raio consiga entrar...
Ocupo os dias e as noites com o meu trabalho, mas o frio em minh'alma cristaliza todas as sementes antes que os frutos possam brotar.
Ocupo a mente com sonhos primaveris, mas o vento gelado sopra os porões da memória e faz murcharem todos os pensamentos floridos...
Passo por todas as estações, mas o frio não passa... a alma não se aquece, o coração não descongela...
Até quando irei carregar o inverno aqui dentro enquanto o sol brilha lá fora e os meus olhos inertes contemplam flores que eu não sou capaz de colher... e os meus lábios experimentam frutos que eu não sou capaz de saborear...
Até quando carregarei essa geleira que invadiu minh'alma... Por quanto tempo ainda irá durar o inverno aqui dentro de mim?!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O que há dentro do meu ♥...

Há uma efusão de sentimentos profundos, intensos, avassaladores... às vezes doces e tranquilos, noutras vorazes, arrebatadores, inquietantes. Mas todos maravilhosamente irresistíveis e deliciosos de sentir.
Dentro do meu coração há um amor tão grande, que eu jamais imaginei que pudesse existir...

Um amor puro
(Djavan)

O que há dentro do meu coração
Eu tenho guardado pra te dar
E todas as horas que o tempo
Tem pra me conceder
São tuas até morrer

E a tua história, eu não sei

Mas me diga só o que for bom
Um amor tão puro que ainda nem sabe
A força que tem
é teu e de mais ninguém

Te adoro em tudo, tudo, tudo

Quero mais que tudo, tudo, tudo
Te amar sem limites
Viver uma grande história

Aqui ou noutro lugar

Que pode ser feio ou bonito
Se nós estivermos juntos
Haverá um céu azul

Um amor puro

Não sabe a força que tem
Meu amor eu juro
Ser teu e de mais ninguém
Um amor puro

sábado, 25 de junho de 2011

When you're not near me...

Quando você não está por perto
tudo ao meu redor é vazio
meu mundo é deserto,
quimera sem cor...
Meus dias são alvoradas frias,
Minhas noites, auroras sombrias.
Não há luz, nem alegria ou calor
se você não está comigo...
Teu corpo é o meu porto seguro,
teu peito, o meu mais confortável abrigo;
teus braços, meu mais tranquilo refúgio.
Os teus olhos têm a luz que eu procuro;
Teus carinhos são bálsamo pro meu coração ferido;
e é nos teus beijos que eu encontro
o meu melhor subterfúgio.
Minha vida faz sempre mais sentido
quando você está aqui, comigo...


When You're Not Near Me
Dan Fogelberg

When you're not near me
The time don't seem to move as easy
When you're not near me
The sun don't seem to feel the same
The days don't shine as brightly
And the nights don't taste as sweet
And this soul of mine feels
Lost and incomplete
When you're not near me
When you're not near me

I make the sound of one hand clapping
When you're not near me
I leave no footprints in the sand
And I can find no solaceIn the lonely silver sea
I'm only half as strong and half as free
When you're not near me
When you're not near me

Don't be long my love
Oh, don't be long my love
It won't be long until
I hold you in my arms again
When you're not near me
There is no laughter in my spirit
When you're not near me
There is no spirit in my laugh
You are like a magnet to that iron part in me
And this longing never seems to let me be
When you're not near me
When you're not near me

sábado, 9 de abril de 2011

E por falar em cartas... e em flores... e em felicidade...

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor
se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

[Cartas de amor - F. Pessoa, por seu heterônimo Álvaro de Campos]

E por falar em cartas... e em flores... e em felicidade... Ah! como eu sou ridícula, meu Deus! Eu sou deliciosamente RIDÍCULA!
É verdade, todas as cartas de amor são realmente ridículas... mas, só se tornam ridículas ou quando são destinadas a outra pessoa, ou quando não há mais amor, nem cartas, nem ridicularidades amorosas, nem nada... E é por isso que eu prefiro continuar escrevendo cartas e amando e sendo ridícula... e prefiro continuar usando palavras esdrúxulas e experimentando sentimentos igualmente esdrúxulos e continuar ridiculamente apaixonada... e continuar "amando e dando vexame"; e mesmo que o meu amor "não seja imortal, posto que é chama", quero continuar sendo infinitamente ridícula para fazê-lo "eterno enquanto dure", porque eu sou mesmo assim, irremediavelmente passional... incorrigivelmente romântica... apaixonada... esdrúxula... ridícula...

Ah... eu sou tão ridícula... como é gostoso ser ridícula assim, meu Deus! Eu sou deliciosamente RIDÍCULA!!! Se amar é ser ridículo, eu sou o mais ridículo dos seres humanos!!! ;)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"...pra não dizer que não falei de flores..."


Estranha a habilidade (pra não dizer necessidade) que a gente tem de escrever quando precisa externar os sentimentos que nos maltratam, que nos fazem mal... Incrível como são tão mais raros os momentos em que a gente se vale desse subterfúgio quando tá REALMENTE FELIZ! Curioso também como as postagens vão ficando mais espaçadas na medida em que as mágoas vão passando, as decepções vão-se superando, as feridas vão cicatrizando... Confesso que essa constatação me deixou meio decepcionada comigo quando reli meus posts, mas confesso também que me senti, digamos, mais aliviada ao visitar os blogs que sigo e notar que isso não é "privilégio" meu... Pois é, a maioria das pessoas que, como eu, usam blogs pra escrever sobre sentimentalidades também escrevem muito mais sobre seus dramas, conflitos, angústias e decepções do que sobre suas conquistas, vitórias e felicidades; exatamente como eu... Mas não hoje! Não nesse momento da minha vida...
Hoje, a necessidade que normalmente me impele a escrever sobre as coisas que me ferem, é a mesma que provoca em mim essa vontade insana de gritar aos quatro ventos toda a felicidade que não está cabendo mais dentro do meu ser... sim, FELICIDADE!!! Uma felicidade diferente, nova, que eu não sei se já havia experimentado antes, embora a razão seja velha conhecida... Felicidade com um sabor que eu já não lembrava mais... Felicidade com um tamanho que eu não sabia existir... ou que talvez soubesse, mas não achava que pudesse conhecer... Felicidade de adolescente descobrindo o mundo e se descobrindo no mundo e descobrindo o mundo dentro de si... Felicidade com todas as cores e sabores impossíveis e inimagináveis... Felicidade real... Felicidade concreta... Felicidade completa... simplesmente FELICIDADE... Felicidade tamanha que dá vontade de sair pelas ruas dando risada e pulando e dançando e cantarolando e beijando as pessoas e cumprimentando os desconhecidos... Felicidade sincera, que dá "vontade de bater na porta do vizinho e desejar bom-dia"... Felicidade que dá vontade de repartir com todo mundo, só pra ter certeza de que todo mundo vai poder sentir o gosto que a felicidade de verdade tem...
Simplesmente FELICIDADE, no seu mais amplo e estrito sentido...
E sabe o qual é a melhor parte dessa felicidade??? Sabe o que faz a gente se sentir mais feliz quando sente tanta felicidade assim??? É descobrir que a verdadeira felicidade é algo muito mais simples do que se imaginava...
Ah! ninguém acreditaria se eu revelasse o motivo de tanta F-E-L-I-C-I-D-A-D-E...

sábado, 8 de janeiro de 2011

Carta sem destino

Definitivamente não era nada parecido com esse o texto com que eu pretendia iniciar as postagens de 2011, mas... como parece que o universo realmente conspira a favor do nosso estado de espírito e a energia que emanamos sempre atrai outra na mesma frequência, eu não poderia esperar nada mais óbvio para um dia nostálgico e nublado - por dentro e por fora - do que me deparar com essas palavras. De alguma forma, conforta saber que eu não sou a única a me sentir assim; fica parecendo que sou menos louca, que não sou tão anormal sabendo que mais alguém no mundo já sentiu ou sente a mesma necessidade que eu de questionar o que não tem resposta... Sim, porque sei que é IMPOSSÍVEL que alguém escreva algo assim, a menos que tenha sentido na carne e na alma essa dor...

PARA O AMOR PERDIDO, por Fernanda Young

Fiquei triste. Num momento você estava aqui, no outro já não estava. Igual a um bicho de estimação que morre de repente e somem com o corpo.

Para onde foi tudo aquilo que tínhamos tão seguro? Tão certos de sua eternidade. Para onde foi, hein? Meu peito, depósito subitamente esvaziado, aperta-se no meio de tanto espaço. Tento identificar o instante, quando o que tínhamos se perdeu. Mas nem sei se o perdemos juntos ou se juntos já não estávamos. Me desespera saber que um amor, um dia desses tão grande, possa ter desaparecido com tanta facilidade.

Como já disse, estou triste; e isso me faz acreditar no poder das cartas. Não falo de tarô, mas destas, escritas e mandadas ou não mandadas. Cheias de questões e metáforas, que assim, misturadas cuidadosamente, num cafona português polido, soam mais sensatas.

Qual poder espero desta carta? Simples: que deixe registrado este meu estranho momento. Quando o que devia ser alívio revela-se angústia. E a cabeça não pára, vasculhando cantos vazios. Não gosto de perder minhas coisas, você sabe. E hoje, cercada pela sua ausência, procuro o que procurar. Experimentando o desânimo da busca desiludida. Pois, se um amor como aquele acaba dessa maneira, vale a pena encontrar um outro? Será inteligente apostar tanto de novo? Aposto que você está pouco se lixando para isso tudo. Que seguiu sua vida tranquilamente, como se nada de tão importante tivesse ocorrido. E está até achando graça desta minha carta, julgando-a patética e ridícula. Você, redundante como sempre.
Só há uma coisa certa a respeito disto: não desejo resposta sua. É, esta é uma daquelas cartas que não são para ser respondidas. Apenas lidas, relidas, depois picadas em pedacinhos. Sendo esse o destino mais nobre para as emoções abandonadas.

Queria apenas pedir um favor antes que você rasgue este resto do que tivemos. Se algum dia, tendo bebido demais, sei lá, você acabar pensando tolices parecidas com estas, escreva também uma carta. Mesmo sem jamais saber o que você irá dizer, sei que ela fará de mim menos ridícula. Neste amor e, por isso, em todo o resto. Pois adoraria que você fosse capaz de tanto - escrever uma carta é um ato de desmedida coragem. E eu ficaria, enfim, feliz comigo, por tê-lo amado. Um homem assim, capaz de escrever bobagens amorosas. Então é isso - como sou insuportavelmente romântica, meu Deus!

Termino aqui essa história, de minha parte, contando que estas palavras façam jus ao fim do amor que senti. E deixando este testamento de dor, onde me reconheço fraca e irremediável. Porque ainda gostaria de poder acreditar que você nadaria de volta pra mim.