
O medo nos cega, nos faz caminhar de olhos vendados, nos adoece... não do corpo, não da mente... adoece a nossa alma, adoece as nossas emoções, adoece os nossos sentimentos... nos desequilibra e nos derruba, nos massacra e pisoteia... nos faz doentes... E como toda doença, é preciso ser tratado; difícil é perceber seus sintomas... a princípio, eles são sutis. Não há dores físicas... não há lesões aparentes... não há hematomas... há somente a devastação interior e até que estes sintomas sejam visíveis aos olhos, a doença já se alastrou e os danos podem ser irreparáveis... É muito mais delicado e complexo do que tratar doenças físicas, porque pra ele não se fabricam remédios, não há cirurgias, não há transplante... É possível trocar um coração, um rim, uma córnea... mas quem pode trocar uma alma?!
Quando o medo adoece a alma, destrói todos os outros sentimentos... desestabiliza-nos, desequilibra-nos, balança com força incomensurável os nossos fios de vida até nos derrubar. Como um ímã, nos arrasta para baixo quanto maior é o nosso esforço para emergir... e se não descobrimos a tempo os seus sintomas, ele nos vence! É uma doença voraz, que não pode ser tratada com paliativos; um mal que deve ser destruído pela raiz! Mas... e quando essa raiz ficou lá atrás, num passado remoto??? Um passado de longos anos, que nos fez caminhar sozinhos, decididos a não revivê-lo??? O que acontece??? Eu sei!
Como um vírus incubado dentro de nós, esse medo nos segue quietinho, deixando-se ser esquecido e esperando a hora certa de atacar... e nos deixa caminhar "livremente" acreditando já termos nos livrado dele, até que novos e inesperados fios se colocam diante de nós, nos convidando a segui-los... fios de caminhos que já havíamos decidido não mais trilhar... mas são tão convidativos que resolvemos nos arriscar, pé ante pé, devagarinho... depois nos arriscamos mesmo a acelerar o passo... e o medo nos deixa ir confiantes, ávidos, até que não seja mais possível voltar sobre o nosso passo... e é então que ele nos ataca de novo! Primeiro vem de mansinho, se alojando lentamente em nossa alma até nos consumir por completo e nos fazer revivê-lo com toda a intensidade de outrora... nos cega completamente e só se faz notar quando os novos fios, antes fortes e vigorosos, já estão desgastados e frágeis e já não há mais como emendá-los e seguir em frente...
E de novo nos vemos sós... alma dilacerada... mãos calejadas e trêmulas tentando novamente remendar os fios da vida que precisa continuar...
Por outro lado, agora não há mais como o medo se esconder... ele pode finalmente ser tratado, como qualquer doença, e assim como o corpo, também a alma pode imunizar-se, afinal, não é do vírus que se criam as vacinas?!
Assim como outras doenças, adoecer da alma também causa dor e sofrimento, mas não há mal que não tenha cura, pranto que não cesse, nem dor que não passe...
"Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. [...] A dor é inevitável. O sofrimento é opcional." (Drummond)
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Não era pra ser um texto triste, mas acho que ficou mesmo assim... não importa!
O Sol
(Jota Quest)
Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada...
E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou...
Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada...
E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou...
E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou...
Yeah! Han!
Caminho do Sol, eh!
Lá lararará!
Caminho do Sol, eh!...
E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou...
E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou...
Lá lararará, lararará
É pra lá
É pra lá que eu vou
Lá lararará, lararará
Aonde eu vou?
Aonde tenha Sol
É pra lá que eu vou
Lá lararará, lararará
É pra lá
É pra lá que eu vou
Lá lararará, lararará
É pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou
Lá lararará, lararará...
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